quarta-feira, 28 de outubro de 2015

PISTAS: Circuito de rua de Miami (2002-2003)

Ah, o circuito de rua de Miami...

Quando você, fã do automobilismo, lê "circuito de rua de Miami", imagino que vem um ponto de interrogação na sua cabeça. Afinal, Miami teve mais de um circuito de rua. E todas elas na mesma região: o sul da Flórida.

Vamos partir do princípio, e sem queimar a largada.

A primeira corrida de monopostos, no sul da Flórida, foi em 1926, no então recém-construído oval Fulford-Miami, que tinha 50 graus de inclinação (!) nas curvas. Peter DePaolo ficou com a vitória. A pista foi destruída ainda em 1926, devido a um furacão de proporções gigantescas.

IndyCar em 1985, no Tamiami Park, e a batalha dos Unser.


Só em 1985 que o sul da Flórida teria uma corrida para chamar de sua. Indo na onda do sucesso da IMSA GT, que correu de 1983 a 1985, no Bayfront Park, a IndyCar correu no Tamiami Park. Foram seis corridas entre 1985 e 1988 (além das corridas anuais, tivemos o Marlboro Challenge (corrida que não valia pontos e reunia dez pilotos escolhidos a dedo) em 1987 e 1988). Apesar de corridas bem legais, como a de 1985, quando Al Unser, Sr. e Al Unser, Jr. (pai e filho) disputavam o título (Al Unser, Sr. levou o caneco com uma diferença de um ponto) a tapa, a IndyCar não correu mais no Tamiami Park, a partir de 1989, devido a problemas no calendário.

Largada da IndyCar em 1995 no Bicentennial Park

Só em 1995, a IndyCar voltaria ao sul da Flórida, mas em outra parte: o Bicentennial Park. A IMSA GT já havia corrido por lá de 1986 a 1993. A pista era bem suja, e depois de uma corrida bem maluca, Jacques Villeneuve ficou com a vitória. Essa área foi usada pela politicamente correta Formula E, que realizou uma corrida por lá, na temporada 2014-15. A corrida foi ganha por Nicolas Prost. O traçado, porém, era bastante diferente.

Após 5 anos correndo no oval de Homestead, também no sul da Flórida, e perder a corrida para sua rival, a IRL, a CART começou a pensar em voltar a Miami. Mas como?

Em 2001, a CART começava a mostrar suas fraquezas, perdendo corridas para a IRL (Homestead e Gateway foram para a IRL em 2001, e Michigan e Nazareth em 2002) e fracassando com péssimas ideias como a Firestone Firehawk 600. Mas a CART agia também. Naquele ano, começaram a surgir fortes boatos de que a CART correria no Bayfront Park, que é muito próximo do Bicentennial Park. Após muitas conversas e especulações, veio a confirmação de que a CART correria em Miami. Ninguém sabia quando, porém. No calendário inicial, Miami era a 6ª etapa. No calendário final, foi a 16ª.

Tony Kanaan lidera o pelotão durante a corrida de 2002


A pista não agradou a muitos. Também pudera, muitos setores escorregadios e de baixa velocidade. Quando a CART chegou a Miami em 2002, duas coisas eram certas: A CART voltaria em 2003, e a pista seria modificada. E isso aconteceu. Em 2002, Miami foi o palco do título de Cristiano da Matta, que dominou aquela temporada. Em 2003, foi a vez de Mario Domínguez fazer uma corrida inspirada, e vencer. Além da CART, a pista recebeu a American Le Mans Series (2002-2003) e a Atlantic Championship (2003).

Mika Salo lidera o pelotão durante os treinos na etapa de 2003


Apesar das corridas divertidas que aconteceram lá, não teve mais corrida da CART em Miami. Apesar de leves boatos, a corrida não apareceu no calendário de 2004, da então Champ Car.


===A PISTA===

Escrevi esse texto querendo me focar na pista de 2002 e 2003, e é o que vou fazer.

O traçado de 2002


E o traçado de 2003


A pista de 2002 tinha 2.232km. Começava com uma retão na Biscayne Boulevard, e depois passava por um estacionamento, pelo Chopin Plaza, o VIP Club, o Corporate Village, o General Admission, até um hairpin na Bayside Entrance, que levava de volta ao retão dos boxes.

A pista de 2003 tinha 1.850km. De mudanças, o setor do estacionamento foi arrancado, trazendo a curva 1 para a esquerda direto para o setor do Chopin Plaza, e o hairpin na Bayside Entrance foi substituído por mais curvas, até chegar em um hairpin que ficava mais distante.


RETA DS BOXES (Biscayne Boulevard) = As curvas e retas não têm nomes, logo, improvisarei. É uma reta grande, mas não muito espaçosa. Em 2003, essa reta ficou menor.

CURVA 1 = Usa-se os freios com força aqui. Uma série de curvas direita-esquerda, que lembra uma chicane.

3rd/4th STREET = Esse setor foi deveras criticado por ser escorregadio. Era um estacionamento pouco usado, então, era possível isso acontecer. Começa com uma pequena reta, que leva a uma curva de 90º para a direita, mais uma pequena reta e uma curva de 180º para a esquerda, mais uma curva de um pouco mais que 90º a esquerda, e uma curva para a direita. Alguns pilotos insistiam em ultrapassagens nesse setor, mas o muro de pneus estava logo ali. E quando não tinha, era a parede mesmo. Esse setor não foi usado em 2003.

CHOPIN PLAZA = Uma pequena reta, onde dá para fazer ultrapassagens. Em 2003, a 1ª curva (90º para a esquerda) levava os carros direto a este setor.

CORPORATE VILLAGE = Após uma curva bem tranquila para a esquerda, os pilotos passavam para o concreto. Começava com uma pequena esterçada para a esquerda, e uma curva para a direita que não parecia ter fim, até uma leve esterçada para a esquerda. As duas primeiras curvas se fazem bem devagar, mas na metade da "curva sem fim", já deve recomeçar com a aceleração, para não perder tempo.

GENERAL ADMISSION = Após uma curva de 90º a esquerda, que se faz bem devagar, vinha uma pequena reta com curvas traiçoeiras de raio longo e estreitas. Esse setor vivia cheio de buracos. Paul Tracy, que não sabia se manter na pista em 2002, foi vítima desses buracos. Após uma curva de raio muito longo para a direita, os carros iam a...

... BAYSIDE ENTRANCE = O Hairpin era feito em velocidade até crescente, pois era possível iniciar a aceleração na segunda parte. Isso, claro, depois de frear com vontade. Em 2003, esse hairpin foi substituído por curvas de raio curto na General Admission, um hairpin mais fechado, e uma leve chicane que levava a reta dos boxes.


É (quase) impossível achar onboards da pista de 2002, mas 2003 é possível sim.

Onboard em 2003, além da colisão entre Paul Tracy e Sebastien Bourdais


Melhores momentos de 2002. Paul Tracy roubou a cena e Cristiano da Matta foi campeão.



BÔNUS: Até a Trans-Am correu lá. Foi em 2002.


Por que eu resolvi escrever sobre uma pista dessa? Simples. Eu, que gosto de pistas estranhas, gostei muito do que vi. Apesar de ser bem travada, a pista oferecia belos desafios e um visual daqueles. É uma das minhas favoritas. Favoritas? Bom, para alguém que gosta até do circuito de rua de Bucareste, isso não é nada. Bucareste? Sim, mas essa pista fica para outro dia.

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